Vou voltar ao mundo dos poemas para falar do livro 26 Poetas Hoje de Heloísa Buarque de Holanda. A autora poemas de 26 poetas da década de 1970 na época que os escritores eram da geração mimeógrafo brasileira da década de 1970 também chamada de “poesia marginal”. O livro foi publicado em 1975, na verdade a publicação do livro foi em 1976. Os poetas são Francisco Alvim, Carlos Saldanha, Antônio Carlos de Brito, Roberto Piva, Torquato Neto, José Carlos Capinan, Roberto Schwarz, Zulmira Ribeiro Tavares, Afonso Henriques Neto, Vera Pedrosa, Antonio Carlos Secchin, Flávio Aguiar, Ana Cristina Cesar, Geraldo Eduardo Carneiro, João Carlos Pádua, Luiz Olavo Fontes, Eudoro Augusto, Waly Salomão, Ricardo G. Ramos, Leomar Fróes, Isabel Câmara, Chacal, Charles, Bernardo Vilhena, (compositor de vários sucessos do rock nacionalcomo Corações PsicodélicoO Rock Errou (com lobão), Casanova, Um Homem Em Volta Do Mundo Vôo De Coração, Menina Veneno Pelo Interfone A Vida Tem Dessas Coisas [com Ritchie]), Leila Miccolis, Adauto de Souza Santos. É livro sensacional. 26 Poetas Hoje é uma antologia de poemas de escritores da dita geração mimeógrafo brasileira da década de 1970, também chamada de "poesia marginal". A obra foi organizada pela escritora e crítica literária Heloísa Buarque de Hollanda e publicada em 1975, pela editora Labor do Brasil. Há uma reedição da mais importante antologia de poesia brasileira da década de 1970, que completa 45 anos, lançada pela editora Companhia das Letras em 2021, via Companhia de Bolso. Em meio à censura e à repressão da ditadura, numa época batizada por Zuenir Ventura de “vazio cultural”, a professora e escritora Heloisa Buarque de Hollanda publicou uma antologia que causou furor. 26 poetas hoje trazia a atmosfera coloquial e irreverente que conflagraria a década de 1970, também chamada de geração mimeógrafo ou geração marginal. Eram poetas que estavam à margem do circuito das grandes editoras e que produziam seus livros de maneira artesanal, em casa, em pequenas tiragens vendidas em centros culturais, bares e nas portas dos cinemas. Ao reunir poetas que engrossavam o caldo da contracultura, o livro foi uma resposta direta aos anos de chumbo e se tornou um clássico da poesia brasileira, referência incontornável para escritores e leitores de poesia. A Poesia Marginal ou a Geração Mimeógrafo foi um movimento sociocultural que atingiu as artes (música, cinema, teatro, artes plásticas) sobretudo, a literatura. Esse movimento surgiu na década de 70 no Brasil e influenciou diretamente na produção cultural do país. Esse movimento dito "marginal", absorveu o grito silenciado pela Ditadura Militar por meio da união de diversos artistas, agitadores culturais, educadores e professores. Assim, ele permitiu uma nova forma de divulgação da arte e da cultura brasileira, reprimida pelo sistema totalitário que vigorava no país. Inspirado nos movimentos de contracultura, a denominação “Geração Mimeógrafo” remete justamente à sua principal característica. Ou seja, a substituição dos meios tradicionais de circulação de obras para os meios alternativos de divulgação. Estes eram empregado pelos artistas independentes ou os “representantes da cultura marginal”. Foi assim que os artistas envolvidos sentiram a necessidade de se expressarem e, sobretudo, divulgarem suas ideias. A partir desse movimento revolucionário literário, a produção poética “fora do sistema” foi divulgada pelos próprios poetas a partir de pequenas tiragens de cópias. Elas eram produzidas nos toscos folhetos mimeografados, os quais vendiam sua arte a baixo custo, nos bares, praças, teatros, cinemas, universidades, etc. A poesia marginal era formada, em sua maioria, por pequenos textos, alguns com apelo visual (fotos, quadrinhos, etc.), absorvidos por uma linguagem coloquial (traços da oralidade), espontânea, inconsciente. A temática cotidiana e erótica era permeada de sarcasmo, humor, ironia, palavrões e gírias da periferia. Numa das vertentes desse movimento sociocultural e artístico, surge notadamente a “Poesia Marginal”, aquela da periferia, representando assim, a voz da minoria. (fonte: https://www.todamateria.com.br/poesia-marginal/)