01 - Bom dia, Diana, como você se sente ao ter escrito Uma Chance Para Recomeçar?
Diana: Bom dia, Cláudio. É difícil explicar, pois são vários sentimentos. Realização de ver um trabalho publicado? Sim. Uma forma de me comunicar com as pessoas e passar uma mensagem para elas? Claro que sim. Instigar as pessoas a refletirem sobre assuntos que precisam ser pensados (como o preconceito)? Sim. Mas o mais emocionante é quando os(as) leitores(as) conversam comigo por e-mail ou redes sociais e me contam suas reflexões e emoções ao ler o livro. Aí, eu percebo que consegui fazer tudo isso que desejei e a sensação é de que eu fiz um bom trabalho. É por isso que o retorno dos leitores é tão importante para mim.
02 - Eu reparei que existe um poema com o título do romance, Uma Chance Para Recomeçar. O poema veio primeiro e originou o romance? Ou o romance deu origem ao poema?
Diana: O livro originou a poesia. Eu gosto de poesia e escrevo poesia também. Costumo dizer que transito entre a prosa e a poesia, mas eu acho que o mercado para livros nacionais de poesia é ainda menor do que o de prosa (muitas editoras nem publicam). Então, essa é uma forma de mostrar também meu lado poetisa e também de fazer com que o leitor sinta um pouco o sentimento dos personagens. Em “Entrelace: Caminhos que se Cruzam ao Acaso”, a poesia deu origem ao livro treze anos depois.
03 - O título do romance é bem sugestivo. De onde você tirou o título, já que existe um romance de Lisa Kleypas?
Diana: Quando começo a escrever uma história ela não tem título. O título só surge para mim do meio para o final da história. É como um bebê que preciso esperar nascer, ver seu rosto para, só então, dar-lhe um nome que seja condizente com seu rostinho. Eu sei que Lisa Kleypas tem um romance cujo título em português é Uma Chance para Recomeçar (em inglês o título é “Christmas Eve at Friday Harbor”, que em tradução para o português seria Véspera de Natal em Friday Harbor. Mudaram o título quando traduziram para o português). Eu já li outros livros dela, mas não esse. Pela sinopse, minha história não tem nada a ver com a dela, embora parece que a dela também tem um pouco de drama. Todo mundo me pergunta isso, mas minha história não tem nada a ver com a dela. Existem vários livros com nomes iguais e histórias diferentes.
04 - Você tem um romance anterior a este que se chama Entrelace – Caminhos Que Se Cruzam Ao Acaso. Os romances possuem alguma ligação?
Diana: Eles tem ligação, porque se passam no mesmo universo e os personagens se conhecem. Alguns personagens de Entrelace estão em Uma Chance para Recomeçar e, nesse sentido, você até pode chamar de série. Mas um não é continuação do outro, ou seja, você não precisa ler Entrelace primeiro e depois ler Uma Chance para Recomeçar. Você pode ler Uma Chance para Recomeçar e depois ler Entrelace. Não tem problema nenhum.
05 - Uma Chance Para Recomeçar pode ter sequência?
Diana: A história de Aurélio e Carina é contada em Uma Chance para Recomeçar. O meu terceiro livro (que está em andamento) será a história de outro casal que conhece Aurélio, Carina, Henri e Carol e, ao lê-lo, claro que você acabará sabendo um pouco de como estes quatro personagens estão depois que os livros terminaram, mas isso acontece pelos olhos de outros personagens, não deles. Eu estou contando a história de pessoas que moram numa mesma cidade e se conhecem, mas é só isso. Um livro não é a continuação do outro, não é uma saga. Como leitora, as sagas me deixam um pouco frustrada por finalizar o livro e não chegar ao fim da história.
06 - Qual foi a inspiração para o livro Uma Chance para Recomeçar?
Diana: Foram muitas e nem dá para descrever todas aqui. Talvez uma das principais tenha sido ver a desenvoltura de um cego ao atravessar a rua com sua bengala. Mas eu acho que o escritor tem que ser um grande pesquisador e observador para escrever suas histórias e a inspiração vem quando menos esperamos.
07 - Você está escrevendo algum novo romance ao estilo Uma Chance para Recomeçar? Pretende escrever algum romance de época?
Diana: Sim; mas, como disse, ela ainda não tem título. Preciso ver que cara a história tem para lhe dar um nome. Eu adoro romances de época e morro de vontade de escrever um, mas é um projeto que venho adiando e não sei quando ou se se concretizará um dia; pois para eu escrever um livro preciso pesquisar bastante e ter tempo para escrever. Nesses dois primeiros, tenho aproveitado minhas pesquisas acadêmicas no campo do Estudos da Deficiência; mas escrever um romance de época demandaria uma grande pesquisa histórica que, infelizmente, não tenho tempo para fazer agora; pois estou cursando doutorado. Além disso, infelizmente, eu não consigo viver de literatura, então preciso ter outro trabalho além desse. Para você ter uma ideia, foram 3 anos escrevendo Uma Chance para Recomeçar e mais um ano e meio para publicar.
08 - Qual foi a sensação em participar da Bienal do Livro?
Diana: Participar da Bienal é muito bom, principalmente pela oportunidade de interação com os leitores(as).
09 - É a primeira vez que participa da Bienal? Pretende voltar a Bienal do livro futuramente?
Diana: Foi a primeira vez como escritora, pois já tinha ido à Bienal como leitora. Se tiver a oportunidade, voltarei sim.
10 - Na sua opinião, a literatura brasileira está pobre de novos escritores? Estamos de novos escritores ou estamos precisando ousadia na literatura brasileira?
Diana: O Brasil tem muitos autores(as) nacionais que escrevem muito bem; todavia o que eu acho que falta é destaque para esses autores(as). Acho que os leitores precisam valorizar e ler mais a literatura nacional e as editoras precisam apostar mais nestes autores. Percebo que há muitas editoras que dão muito destaque a autores estrangeiros desconhecidos no Brasil e conseguem um grande número de vendas, mas não vejo o mesmo empenho com autores nacionais. Preferem trazer o que faz sucesso lá fora apostando que fará sucesso aqui; mas, para isso, investem muito em propaganda. Por que não investir em autores nacionais de qualidade?
11 - Existem vários livros abordando o mesmo assunto, como, por exemplo, o amor. Você acha que a literatura brasileira atual está sendo repetitiva?
Diana: Eu não diria repetitiva. Acho que o amor é um assunto que sempre merece ser abordado e os romances são muito antigos, transcendem séculos. O romance é um gênero literário dentre tantos. Não acho isso repetitivo. E quem não gosta de romances pode ler outros gêneros: terror, suspense, fantasia, ficção científica, etc. Eu mesma prefiro romances e dramas; mas, de vez em quando, saio da minha zona de conforto e leio um suspense que gostei da sinopse ou qualquer outro livro de outro gênero literário cuja sinopse me atraía. Agora, alguns modismos proliferam durante algum tempo, mas não me incomodo com isso. Leitura tem muito a ver com gosto pessoal: um livro que é bom para mim pode não ser bom para você e vice-versa.
12 - Você acha que a literatura brasileira precisa de inovação? Ou precisa resgatar algum ponto que foi explorado por escritores famosos, como, por exemplo, Machado de Assis? Você acha que a literatura brasileira precisa de se renovar?
Diana: Machado de Assis, Jorge Amado e outros autores eram bons críticos sociais e bons cronistas de seu tempo. Eu acho que o que está faltando hoje em dia são autores que façam uma crítica social, que discutam em suas obras os problemas da realidade brasileira, que façam o leitor refletir ao mesmo tempo que se diverte com uma boa história. Empenho-me em fazer isso em minhas histórias, mas não acho que isso é inovação, é mais um resgate mesmo. Eu acho que (ou pelo menos espero) a literatura brasileira, aos poucos, está começando a se renovar.
13 - Qual ponto da vida a literatura brasileira deve explorar?
Diana: Qualquer ponto desde que faça o leitor refletir, traga uma boa lição e estimule o leitor a construir seu conhecimento.
14- No futuro, algum escritor brasileiro deve ganhar o Prêmio Nobel da Literatura?
Diana: Se ganhasse, seria bom sim. Talvez ajudasse a dar mais destaque à literatura nacional.