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Cláudio Corrêa Monteiro

Icarus – O Cálice, O Sudário E O Dragão


“As mulheres, as crianças, os velhos partiam (par as cruzadas) com a esperança de sofrer o martírio na prisão dos sarracenos e assim ganhar o céu.” (Guiberto de Nogent- historiador francês [1053-1124]). Reparou que vou falar das Cruzadas? Vou sim, pois as cruzadas formam um movimento cujo financiamento por algumas cidades italianas e alguns comerciantes, financiamento que era compensado através de acordos comerciais de alta rentabilidade; nos territórios conquistados pelas Cruzadas, estabeleciam seus entrepostos. A igreja colaborava na formação de um fundo que mantivesse os exércitos e ajudasse na aquisição de novas armas. As despesas comuns corriam por conta do próprio cruzado. As Cruzadas aconteceram os séculos XI e XII. Mas precisamente entre os anos 1095 (organizada pelo Papa Urbano II que reuniu a nobreza para combater os infiéis que ocupavam a Terra Santa) e 1270 (convocada por São Luís, rei da França, a fim de conquistar o Egito, foi o próprio São Luís que organizou a 7ª Cruzada contra o Egito). Não tiveram apenas intenções religiosas (proteção dos “lugares santos”, difusão da fé cristã); tiveram também objetivos comerciais. As Cruzadas fora um fracasso em seu objetivo de conquistar a Terra Santa para os cristãos, já que a Igreja Católica visava conquistar a Terra Santa para fins próprios e a Terra Santa estava sob domínio dos muçulmanos. A Cruzada mais bem organizada e equipada foi a Terceira Cruzada que aconteceu entre os anos 1189 a 1192. Foi nesta Cruzada que participaram os reis Felipe Augusto, da França, Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra (que segundo a lenda conviveu com Robin Hood) e Frederico Barba-Roxa, da Alemanha. Foi nesta Cruzada que viveu Icarus que é o protagonista do romance de Jacobson Costa chamado Icarus – O Cálice, O Sudário E O Dragão, lançado pela Editora Kiron em 2014. Icarus é um cruzado (ou templário, um cavaleiro da Ordem dos Templários, uma ordem religião e militar, instituída em 1118 por Hugo de Payerns, e extinta em 1312 pelo Papa Clemente V) que parte para a Terra Santa que está dominada pelos muçulmanos e descobre, no meio da viagem, várias coisas que podem mudar sua visão sobre o mundo e sobre a sua própria vida. O livro é dividido por Prólogo; O Início; O Ferreiro (uma pessoa que cria objetos de ferro ou aço, forjando o metal, ou seja, através da utilização de ferramentas como martelo, bigorna, fole, forja, dobra, e corta, e de outra forma para moldá-la na sua forma não líquida); O Templário (cavaleiro da Ordem dos Templários); O Sudário (pano usado para limpar o suor. Frequentemente os sudários serviam como mortalha e tempos antigos. O sudário mais celebre é o Sudário de Turim que é uma relíquia cristã usado, supostamente, para envolver o corpo de Jesus Cristo, sepultado após a crucificação, e que teria ficado aí a sua representação nessa altura. Atualmente, somente alguns seguidores de ritos cristãos ortodoxos continuam a colocar nos seus falecidos.); O Dragão (representando o diabo, como descrito em Apocalipse 12.7: “Houve então uma guerra nos céus, Miguel e seus anjos lutaram contra o dragão, e o dragão e os seus anjos revidaram”) e o epílogo. Cada parte do livro, Icarus conhece várias pessoas e conviveu situações que mudaram a visão sobre a vida, o mundo e, principalmente, a Cruzada na qual participa arduamente e com afinco. Para quem percebeu, Icarus é inspirado, aos meus olhos, no personagem da Mitologia Grega Ícaro, filho de Dédalo, que é comumente conhecido por deixar Creta voando (se lembram da música Sonho de Ícaro, do Biafra [voar, voar}), uma tentativa frustada em uma queda que culminou na sua morte nas águas do mar Egeu, mais propriamente na parte conhecida como mar Ícaro. Ícaro e Dédalo eram prisioneiros no mar do Minotauro, já que Dédalo matou seu sobrinho Talo e foi expulso por este crime e se refugiou na Ilha de Creta, dominada pelo rei Minos. Após o nascimento do Minotauro, fruto dos amores da mulher de Minos, Pasífae, com um touro divino, ele e seu filho construíram o labirinto do Minotauro, no qual aprisionou o monstro. Tempos depois o Minotauro foi morto por Teseu. Após a morte de monstro Dédalo e seu filho foram presos no labirinto. Dédalo construiu asas artificiais, usando cera do mel de abelhas e penas de gaivota, para tentar fugir do labirinto, e conseguiu, mas, antes, porem, alertou Ícaro para não chegar muito perto do sol para que o Sol não derretesse as asas. Ícaro desobedeceu as ordens do pai, chegou perto do sol que derreteu as asas e foi cair no Mar Egeu. Enquanto chorava a morte do filho, Dédalo voava para a costa e enfim, chegou à costa da Sicília, onde foi acolhido pelo rei Cócalo. O livro é fantástico e teve ser lido ao som dos álbuns Temple of Shadows, do Angra, que conta a história fictícia de Shadowhunter, um templário que viveu durante as Cruzadas, assim com Ícaro, que traz a participação do Milton Nascimento na faixa Late Redemption, lançado em 2004, e Argus, do Wishbone Ash, lançado em 1972, além de ser uma verdadeira aula de história, principalmente sobre um período que poucas pessoas conhecem e que é pouco explorado na literatura, no teatro, na música e no cinema . Para terminar a resenha, vou lembrar os leitores da frase de Sócrates: “Uma vida sem busca não é digna de ser vivida.” Sugiro assistir ao filme Cruzada, dirigido por Ridley Scott, que afirma que "o filme é sobre a paz, a tolerância e a possibilidade de convivência entre povos de diferentes orientações religiosas, culturas e crenças", e estrelado por Orlando Bloom. O filme se passa em 1187 (entre a Segunda Cruzada, que terminou em 1149 e a Terceira Cruzada que começou em 1189, dois anos após a história do filme) e foi filmado em Marrocos, além de ser lançado em 6 de maio de 2005.


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