O outro livro da Margarida é A Lenda De João, O Assinalado – Cruz E Sousa, O Poeta Negro. O livro ,lançado em 2012 pela Editora Topbooks, é uma homenagem romanceada a Cruz e Sousa, poeta que viveu entre 1861 a 1898, responsável por introduzir o Simbolismo no Brasil. Uma frase ressaltada pelo escritor e médico gaúcho Moacyr Scliar é “Os personagens por ela criados são mais que autênticos, são paradigmáticos.” Simbolismo é a escola Literária que é o oposto da à objetividade parnasiana e pode-se observar no Simbolismo uma revivescência romântica. O simbolismo surgiu na França, como o parnasianismo, e seu principal poeta foi Mallarmè. O Simbolismo foi um movimento literário curto e conturbado, mesmo na França e um dos principais nomes do Simbolismo foi o poeta realista Charles Baudelaire, embora alguns o consideram como simbolista, devido a sua importância para o Simbolismo, entretanto, quando o movimento se configura na França, país de origem do movimento, Baudelaire já não estava morto. Portanto, ousamos dizer que o peta pode ser considerado um pré-simbolista, um precursor do movimento. Mais informações sobre o Simbolismo: https://www.infoescola.com/literatura/simbolismo-na-literatura/. voltando ao romance , Margarida presta uma bela e justa a João Cruz e Sousa, poeta catarinense, já que ele nasceu em 24 de novembro de 1861 em Florianópolis, Santa Catarina. João era filho de ex-escravos e ficou sob a proteção dos antigos proprietários de seus pais, após a alforria dos mesmos. O autor faleceu em 19 de março de 1898O sobrenome Sousa é advindo do seu ex-patrão, o marechal Guilherme Xavier de Sousa, o que demonstra o afeto do mesmo para com os pais do futuro autor. O livro mais famoso, creio eu, é Broquéis, lançado em 1893. Cruz e Sousa foi diretor de jornal abolicionista em 1881, dois anos depois, ele foi nomeado promotor público em Laguna, Santa Catarina, mas foi recusado por ele se negro. Em 1893, Cruz e Sousa publica dois livros: Missal (poesia em prosa) e Broquéis (poesias), as quais são consideradas dois marcos do simbolismo no Brasil que perduraria até 1922 com a Semana da Arte Moderna. O assinalado que está no título, se refere a um poema do autor, publicado no livro Últimos Sonetos, lançado em 1905, que me atrevo a colocar na resenha:
O Assinalado
Tu és o louco da imortal loucura, O louco da loucura mais suprema. A Terra é sempre a tua negra algema, Prende-te nela a extrema Desventura. Mas essa mesma algema de amargura, Mas essa mesma Desventura extrema Faz que tu'alma suplicando gema E rebente em estrelas de ternura. Tu és o Poeta, o grande Assinalado Que povoas o mundo despovoado, De belezas etrenas, pouco a pouco... Na Natureza prodigiosa e rica Toda a audácia dos nervos justifica Os teus espasmos imortais de louco!