Vou falar do livro Toada de Asfalto do escritor mineiro Geraldo Elísio. O livro, lançado pela Editora Neutra em 2015 e que foi "patrocinado" pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura, traz um panorama de mudanças políticas, econômicas e culturais do Brasil vistas pelos olhos do primo de seu companheiro de viagem. Não só carros de boi e caminhotes precárias deram lugar aos ônibus com ar condicionado e confortáveis automóveis automáticos. Aquele Brasil esquecido, dividido entre metrópole, entre o Sul desenvolvido e um Nordeste precário que ficou para trás. Muitas tragédias anunciadas não saíram do papel e, em lugar do maniqueísmo (ideia baseada numa doutrina religiosa que afirma existir o dualismo entre dois princípios opostos, normalmente o bem e o mal. O maniqueísmo é considerado uma filosofia religiosa, fundada na Pérsia por Maniu Maquineu, no século III, sendo bastante disseminada por todo o Império Romano. Para o maniqueísmo, o mundo é dividido entre o bem, representado pelo “Reino da Luz”, e o mal, simbolizado pelo “Reino das Sombras”, ou seja, um eterno combate entre Deus e Diabo.), o romance propõe uma polifonia de estilos e gêneros musicais, como são denominados os seus capítulos. Como poeta, Geraldo Elísio traça no romance Toada de Asfalto uma espécie de diálogo entre literatura, jornalismo e música. No final do livro há um apêndice indicando os nomes das músicas que foram "usadas" no livro, melhor dizendo, cujos trechos foram usados no livro.