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  • Foto do escritorClaudio Correa Monteiro

A Escrava Isaura



Eu vou falar do livro A Escrava Isaura, escrito por Bernardo Guimarães em 1875 e publicado no mesmo ano pela B.L. Garnier, Rio de Janeiro. Com o romance, Bernardo Guimarães obteve fama, sendo reconhecido até pelo imperador do Brasil, Dom Pedro II. Escrito em plena campanha abolicionista (1875), o livro conta as desventuras de Isaura, escrava branca e educada, de caráter nobre, vítima de um senhor devasso. O romance foi um grande sucesso editorial e permitiu que Bernardo Guimarães se tornasse um dos mais populares romancistas de sua época. O autor pretende, nesta obra, fazer um libelo antiescravagista e libertário e, talvez, por isso, o romance exceda em idealização romântica, a fim de conquistar a imaginação popular perante as situações intoleráveis do cativeiro. O estudioso Manuel Cavalcanti Proença observa que: Numa literatura não muito abundante em manifestação abolicionistas, é obra de muita importância, pelo modo sentimental como focalizou o problema, atingindo principalmente o público feminino, que encontrava na literatura de ficção derivativo e caminho de fuga, numa sociedade em que a mulher só saía à rua acompanhada e em dias pré-estabelecidos; o mais do tempo ficava retida em casa, sem trabalho obrigatório, bordando, cosendo, ouvindo e falando mexericos, isto é, enredos e intrigas, como se dizia no tempo e ainda se diz neste romance. Bernardo Guimarães faz questão de ressaltar exaustivamente a beleza branca e pura de Isaura, que não denunciava a sua condição de escrava porque não portava nenhum traço africano, era educada e nada havia nela que "denunciasse a abjeção do escravo". O que parece uma escolha preconceituosa e contraditória — contar as agruras da escravidão criando uma escrava branca — talvez seja melhor compreendido se levar em conta que a maior parte do público que consumia romances na época era composto por mulheres da sociedade, que apreciavam as histórias de amor. No livro são contadas as aventuras e desventuras de uma bela escrava mestiça em busca de sua liberdade. Na primeira parte, Isaura está na fazenda em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, vivendo sua vida de escrava bem prendada, mucama da noiva do filho de seus donos originais. Porém, ela é importunada a todo o momento por alguém querendo cortejá-la, inclusive o seu sinhô novo, Leôncio. Por ter essa paixão por Isaura, Leôncio não a liberta, como sua mãe havia pedido antes de morrer. Mesmo assim, o pai de Isaura, Miguel, conversa com o pai de Leôncio e faz um trato no qual ele dará 10 contos de réis pela liberdade de sua filha. Ao chegar com a quantia na casa onde Isaura é escrava, eis que chega uma carta dizendo que o pai de Leôncio morreu, dando uma desculpa para Leôncio não libertar sua escrava. Sem restar outra escapatória para Isaura, Miguel usa os 10 contos de réis que tinha para comprar sua alforria em uma fuga, levando o romance ao seu segundo estágio. Os intentos de Miguel são de chegar a outro país, mas enquanto procura pela melhor oportunidade de sair do Brasil, va com Isaura para a cidade de Recife. Lá eles assumem nomes diferentes e ficam recolhidos em sua casa. Como Isaura tem uma beleza estonteante, não passa despercebida a Álvaro, rapaz jovem e rico órfão de pai. Embora Isaura tente ficar escondida, Álvaro apaixona-se desde a primeira vez que a vê e a ouve cantar, rondando sua casa até que um dia ele ajuda Isaura e seu pai, conseguindo assim uma brecha para conversar com ela e convidá-la para um baile. Embora relutante, Elvira, nome ao qual Isaura atendia em seu disfarce, aceita o convite e vai ao baile. Com sua habilidade ao piano e sua beleza exótica, Elvira encanta todos no baile, menos Martinho, sujeito baixo e ganancioso que vê em Elvira a escrava Isaura descrita em um folheto anexado a um jornal, uma chance de ganhar o dinheiro da recompensa. Martinho comunica-se com Leôncio, que lhe dá direito de prender a sua fugitiva. Porém, Leôncio fica arrependido e decide ir pessoalmente a Recife para trazê-la de volta. Ao chegar, encontra Álvaro e ambos têm uma pequena discussão, mas Leôncio acaba trazendo Isaura de volta. Quando chegam novamente na fazenda e Leôncio prende Isaura em total isolamento, inicia-se a terceira fase da narrativa. Agora seu algoz inventa um plano maquiavélico para continuar a ter a sua escrava favorita por perto sem deixar sua mulher, Malvina, enciumada: ele coloca como condição para a liberdade de Isaura seu casamento com o jardineiro da fazenda, Belchior. Enquanto isso, Álvaro não descansa até descobrir uma forma de ter Isaura de volta, chegando até a ir a corte a procura de informações. Nessa viagem ao Rio de Janeiro, ele descobre que Leôncio está falido, compra todas as dívidas dele e legaliza a carta de desapropriação dos bens. No momento do casamento arranjado de Isaura e Belchior, Álvaro chega e diz que tanto Isaura quanto tudo mais que pertencia a Leôncio agora é dele. Leôncio, ao ver que perdeu todos os seus bens e Isaura para Álvaro, mata-se com um tiro na cabeça. A obra inspirou uma telenovela brasileira produzida pela TV Globo e exibida originalmente de 11 de outubro de 1976 a 5 de fevereiro de 1977, em 100 capítulos. Substituiu O Feijão e o Sonho e foi substituída por À Sombra dos Laranjais, sendo a 10.ª "novela das seis" produzida pela emissora. A trama é uma adaptação do romance A Escrava Isaura, escrito por Bernardo Guimarães. A adaptação é de Gilberto Braga e a direção é de Herval Rossano. Conta com as atuações de Lucélia Santos, Rubens de Falco, Edwin Luisi, Roberto Pirillo, Norma Blum, Átila Iório, Beatriz Lyra, Léa Garcia, Isaac Bardavid, Haroldo de Oliveira e Maria das Graças nos papéis principais. Houve um remake da telenovela brasileira produzida e exibida pela Record entre 18 de outubro de 2004 a 29 de abril de 2005 em 167 capítulos, substituindo parte do horário ocupado pelo Cidade Alerta e sendo substituída por Essas Mulheres. É a 1ª novela exibida pela emissora a partir da retomada da dramaturgia naquele ano. Baseada no romance homônimo de 1875, de Bernardo Guimarães, é escrita por Tiago Santiago, com colaboração de Anamaria Nunes e Altenir Silva, direção de Fábio Junqueira, Emílio Di Biasi e Flávio Colatrello Jr. e direção geral de Herval Rossano. Henrique Daniel interpretou o tema de abertura "Luz do Sol que Clareia a Terra" e Rogério Machado o encerramento "Retirantes", ambas presente na trilha sonora da trama, lançada em 2005. O elenco recebeu consagrações do Prêmio Zumbi dos Palmares e de órgãos argentinos, por ser exibida internacionalmente. A telenovela abrangeu o tema racismo, usando a escravidão como metáfora para difusão de "injustiças e arbitrariedades". A trama encerrou com 15 pontos de média na medição do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística em São Paulo, índices considerados satisfatórios para a emissora, que determinou uma meta inicial de apenas 7 pontos. Foi elogiada pelas atuações dos atores. Contou com as atuações de Bianca Rinaldi, Leopoldo Pacheco, Patrícia França, Théo Becker, Renata Dominguez, Mayara Magri, Jackson Antunes e Maria Ribeiro. A edição que eu li foi lançada em 1988 pela Bandeirantes em parceria com o Banco De La Província De Buenos Aires, Argentina.





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