top of page
Buscar
Foto do escritorClaudio Correa Monteiro

Clara dos Anjos



Eu vou falar do livro Clara dos Anjos é um livro póstumo do escritor brasileiro Lima Barreto, pertencente ao pré-modernismo brasileiro. Concluído em 1922, ano da morte do autor, foi publicado em 1948. Em Clara dos Anjos, Lima Barreto demonstra a sua influência do notável romance O Primo Basílio, do escritor português Eça de Queiroz, para a composição do personagem Cassi Jones. No início de 1922, Lima Barreto anunciava na imprensa do Rio de Janeiro que seu novo romance, intitulado Clara dos Anjos, já estava “bem adiantado”, e que em breve ele seria publicado. Naquele ano, porém, o público carioca apenas conheceu um dos capítulos iniciais do livro, saído na edição de maio da revista Mundo Literário. Em 1o. de novembro, vitimado por um ataque cardíaco, Lima Barreto morreu sem concluir um de seus últimos e mais ambiciosos projetos literários. O escritor retrabalhava o texto desde 1904, animado pelo desejo de convertê-lo numa espécie de epopeia suburbana a partir da malfadada trajetória de Clara dos Anjos. A história foi publicada em folhetim entre 1923 e 1924, e somente apareceria em volume mais de duas décadas depois, em 1948. Desde então, Clara dos Anjos, que narra as desventuras de uma adolescente pobre e mulata seduzida por um malandro branco, tem sido avaliado por diversos críticos como um romance que não está à altura da melhor produção de Lima Barreto. Entretanto, esta reedição - com textos críticos de Sergio Buarque de Holanda, Lúcia Miguel Pereira e Beatriz Resende, bem como um amplo aparato de notas explicativas a cargo de Lilia Moritz Schwarcz e Pedro Galdino - é uma boa oportunidade para reavaliar esse conceito, permitindo situá-la entre os textos-chave do criador de Triste fim de Policarpo Quaresma. Numerosas conexões biográficas com personagens da história de Clara e Cassi Jones, um dos protótipos literários da malandragem suburbana, revelam as opiniões de Lima Barreto acerca de si mesmo e da sociedade brasileira, ainda hoje marcada pelo racismo que subjaz às tragédias pessoais do autor e de sua protagonista. Clara dos Anjos é Filha de um carteiro e de uma dona de casa, Clara dos Anjos, jovem mulata do subúrbio carioca de Inhaúma, fica conhecendo Cassi Jones, rapaz de família rica e socialmente bem posta, numa roda de viola na casa de seus pais. Conquistador, sem caráter, Cassi é famoso por seduzir mulheres casadas e moças humildes, engravidando-as e destruindo suas vidas. Mesmo sabendo disso, Clara acaba se envolvendo com Cassi. Nesse relacionamento, a jovem é vítima da discriminação que cria um enorme fosso entre sua família negra e suburbana e a família branca e abastada de Cassi Jones. Tendo como pano de fundo a vida nos subúrbios cariocas, Clara dos Anjos, concluído em 1922 e publicado em livro, pela primeira vez, em 1948, retrata a realidade brasileira do início do século XX e é uma denúncia contundente – com foco na discriminação da mulher negra e pobre que era seduzida e abandonada – da desigualdade social, do preconceito racial, da divisão de classes que ainda hoje, quase um século depois, ocorrem no Brasil. Os Problemas Sociais retratado pelo Lima Barreto escancara problemas da sociedade contemporânea que já infligiam o povo em um passado não muito distante. Os temas Racismo, pobreza, fome, miséria, desigualdade social, corrupção, analfabetismo, insatisfação política e injustiça são padrões que são cotidiano dos personagens. A recém proclamada Republica Federativa do Brasil foi o cenário escolhido por Lima Barreto para o desenvolvimento da trama. A trama atravessa períodos importantes da história do Brasil como a Guerra do Paraguai, a queda da monarquia e proclamação da republica, a eleição e renuncia de Deodoro da Fonseca e o período Florianista. A Teoria da Evolução de Charles Darwin inspirou inúmeros artistas e escritores ao redor do mundo. Até hoje, muitos filósofos e escritores atribuem alguns padrões do comportamento humano à Evolução. Li Barreto usa de termos modernos como "vagabundo", "imprestável", "mau caráter" e até mesmo "psicopata" para descrever seus personagens de forma clara de modo que o leitor entenda. Lima Barreto descreve o caráter elementar de cada personagem, mostrado suas falhas e suas qualidades. Em muitos pontos da obra, é difícil definir quem é o "carrasco" e quem é o "mocinho". No entanto, Lima Barreto mostra a natureza dos personagens e deixa o leitor decidir o que é errado e o que é certo. Cada personagem na trama representa um "câncer social", um pecado que a sociedade carrega, no entanto ignora. Cada personagem da trama desempenha o papel de lembrete de algum aspecto social. Os principais personagens da narrativa são: Clara dos Anjos: Filha única do casal Joaquim e Engrácia dos Anjos, descrita como uma garota de dezessete anos, mulata, moradora da periferia do Rio de Janeiro, pobre e que deseja provar as principais emoções que a vida pode oferecer. ALei áurea assinada em 1888. A escravidão - apesar de já te sido abolida - é um fantasma que se mostra presente no decorrer da trama. Cassi Jones de Azevedo é descrito pelo autor como um "vagabundo psicopata" é o antagonista central da trama. Homem inescrupuloso que tem como distração e prazer seduzir mulheres casadas e jovens donzelas para depois desonra-las e abandona-las na sarjeta da sociedade. Curiosamente, Lima Barreto parece ter criado este personagem com a intenção de induzir o leitor a refletir sobre a sociedade preconceituosa e antiquada que o autor vivenciou. Joaquim dos Anjos Homem humilde, pai de Clara e esposo de Engrácia. Joaquim dos Anjos representa a simplicidade e as dificuldades que o povo Brasileiro já viviam na época e que já trabalhou como flautista, carteiro e modero. Joaquim é quem toma as decisões domésticas e não sua mulher. Engrácia : Dona de casa, esposa de Joaquim e mãe de Clara. Descrita como uma mulher exageradamente preocupada e mãe superprotetora, no entanto apresenta comportamento histérico diante de situações de pressão e preocupação. Antônio da Silva Marramaque: Padrinho de Clara e amigo de Joaquim, descrito como um semi paralítico do lado esquerdo do corpo e um homem de coragem e espírito nobre. Foi o primeiro a confrontar Cassi na residência da família Anjos. Salustiana Baeta de Azevedo: Sem dúvida alguma, se trata de um dos personagens mais odiosos de toda a trama. Mulher extremamente vaidosa e cúmplice ativa dos crimes do filho, Salustiana Azevedo é uma mulher que tem como diversão humilhar as vitimas de seu filho. Em vários momentos, insulta garotas de "mulata", "preta", etc. Esta convicta da superioridade do sangue de sua família e se recusa a deixar que a justiça enquadre seu filho nas leis da época, pois acredita que o filho dela é perfeito demais para "se casar com uma mulata qualquer". É um ótimo livro que deve ser lido por todos.

8 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page