Jogo de fiar
- Claudio Correa Monteiro
- 22 de jan.
- 1 min de leitura
Eu vou falar do livro Jogo de Fiar, escrito por Patrícia Bons, lançado em 1983 pela editora Nova Fronteira. Jogo de Fiar é a história de uma mulher que se desnuda corajosamente, na busca da verdade para além das fronteiras da moral estabelecida. Giovanni Pontiero destaca "a extraordinária combinação do poético e do filosófico, o fluxo e o fluir das meditações, sempre disciplinadas e lúcidas". E arremata: "Sem sombra de dúvida, uma bela e tocante narrativa de autocrescimento e conhecimento, que causará tanto dor como alegria com sua análise franca de nosso precário itinerário humano." O livro também é lançado pela AGE Editora em 1999. Escrito na primeira pessoa, O jogo de fiar é uma novela tipicamente 'sulina'. Quero dizer com isso que ela apresenta, no que se entende como a moldura social, um caso de marginalismo psicológico tão frequente nas regiões meridionais, no âmbito das famílias estrangeiras - ou de origem estrangeira - que constituem, no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, microcosmos domésticos ressentidos, à força do insulamento cultural, perante o meio em que no entanto prosperam e se radicam. A narradora e principal personagem se auto-analisa em vários planos, da meninice à idade madura. Tendo aprendido, porém, muito cedo, a aceitar o inevitável, dilui o drama em reflexões, repensa a vida - e vive - sem chegar ao desespero, como quem se poupa a inutilidade de um desconchavo a mais, numa existência que pode encontrar comparação no jogo de fiar. Tal qual as aranhas, que da fragilidade fazem a sua força. Ou com a 'astúcia' imemorial de Penélope, em todas as latitudes da feminilidade carente de afago.



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