O rei morreu
- Claudio Correa Monteiro
- 22 de jan.
- 1 min de leitura
Eu vou falar do livro O Rei Morreu, escrito por Jim Lewis, lançado pela editora Companhia das Letras em 2003. Um episódio de violência une o destino de pai e filho separados no tempo e no espaço. O primeiro é Walter Selby, condecorado veterano da Segunda Guerra que trabalha como assessor especial do governador do Tennessee, num período em que as tensões raciais fervem e o progresso ainda é um horizonte longínquo no sul dos Estados Unidos. O último é um ator hollywoodiano conhecido por seu temperamento difícil, que recebe de uma cineasta misteriosa a oferta para um papel que pode mudar sua carreira já decadente. O episódio é um crime que envolve adultério e vingança, hoje só lembrado em velhos recortes de jornal da Biblioteca Pública de Memphis. Pouco daquele mundo sobreviveu - um mundo anterior à televisão, à cultura de massas, à flexibilização dos costumes -, mas os ecos da tragédia ainda movem os dois protagonistas. Como nas sagas de William Faulkner, também situadas num profundo e mítico dos Estados Unidos, o romance trata da atemporalidade da violência, das famílias que se dissolvem em paixões furiosas, dos fragmentos de memórias terríveis que resistem à marcha exterior da história. Mas, ao contrário da claustrofobia e do sentido trágico faulknerianos, aqui o acerto de contas aponta para um possível, ainda que tênue, reencontro de afetos. O livro é dividido em duas partes: Baleada e Espera.

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