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Paradiso

  • Foto do escritor: Claudio Correa Monteiro
    Claudio Correa Monteiro
  • 8 de ago.
  • 2 min de leitura
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Eu vou falar do livro Paradiso, escrito por José Lezama Lima, lançado pela editora Brasiliense em 1987, a edição que eu li. Paraíso é um romance do escritor cubano José Lezama Lima, o único concluído e publicado em vida. Escrito em um estilo elaboradamente barroco, a narrativa acompanha a infância e a juventude de José Cemí e retrata muitas cenas que ressoam com a vida do próprio Lezama como um jovem poeta em Havana. Muitos dos personagens reaparecem no romance póstumo de Lezama, Oppiano Licario, publicado no México em 1977. O romance foi publicado originalmente em Cuba, em uma edição considerada altamente insatisfatória pelo escritor argentino Julio Cortázar, em parte devido à pontuação inadequada e aos erros de estilo de Lezama. Com a aprovação de Lezama, Cortázar editou pessoalmente o texto para uma edição mexicana subsequente, corrigindo "milhares de erros e ambiguidades". Apesar de ter escrito um dos romances mais completos da história de Cuba, Lezama afirmou nunca se considerar um romancista, mas sim um poeta que escreveu um poema que se tornou um romance. Paraíso pode, portanto, ser considerado um tipo de poema longo, assim como um romance neobarroco. O romance relata as lutas de Cemí contra uma misteriosa doença infantil, descreve a morte de seu pai e explora sua homossexualidade e sensibilidade literária. Ele vive no mundo da Havana pré-Castro, e a Revolução Cubana aparece apenas como um enredo secundário. Alguns dos capítulos posteriores incorporam experimentos narrativos nos quais várias histórias alternadas, ambientadas em épocas amplamente divergentes e sem nenhuma conexão imediatamente aparente com José Cemí, são entrelaçadas e eventualmente fundidas. (Em uma carta a Julio Cortázar, Lezama explicou que esses capítulos representam os sonhos de Cemí após a morte de seu pai.). Devido às cenas homossexuais explícitas e à ambivalência do romance em relação à situação política da época, Paradiso enfrentou controvérsias e problemas de publicação. Hoje, é amplamente lido no mundo de língua espanhola, mas não alcançou a mesma fama nos países de língua inglesa, apesar da tradução feita pelo tradutor americano Gregory Rabassa. Apesar de José Lezama Lima ter se tornado célebre no mundo da poesia, foi com seu romance semi-autobiográfico Paradiso que o autor melhor expressou seu universo e suas experiências de linguagem. Escrito entre as décadas de 1940 e 1960, o texto, barroco, conta de forma pitoresca a história de José Cemí, abordando inicialmente a doença que lhe acomete na infância, a asma, e a descoberta de sua vocação como poeta, passando pela infância escolar e pelos ensinamentos de um mentor e guia. De leitura densa, experimental e poética, Paradiso mistura diversas referências de todas as épocas, cores, sabores e lugares para apresentar ao leitor o rico universo de um homem só, que também pode ser de todos os homens.

 
 
 

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