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  • Foto do escritorClaudio Correa Monteiro

Um caso tenebroso

Eu vou falar do livro Um caso tenebroso é um romance francês de Honoré de Balzac, surgido no começo do ano de 1841 em pré-publicação no jornal Le Commerce, depois em volume por Souverain e Lecou, em 1843, com uma dedicatória a "Monsieur de Margone, seu hóspede do castelo de Saché em reconhecimento. De Balzac". O romance integrará, em 1846, as Cenas da vida política da edição Furne da Comédia Humana. Ao mesmo tempo um romance policial, romance de espionagem, cheio de complôs, reviravoltas, traições, a obra remete a A Bretanha em 1799 com um toque bem mais fino, mais hábil, menos guerreiro. A arte da tática é desenvolvida aqui com maestria particular. Em seu prefácio ao romance, o filósofo Alain[2] se mostra muito entusiasmado: Esse romance, um dos maiores de Balzac, faz parte, aturalmente, dos romance da guerra civil. Aqui se encontra Corentin e a polícia[3]. As camadas sociais aqui estão sublevadas de modo a fazer aparecer a Revolução, o Império de Napoleão e a Restauração, tais quais poderiam vê-los um simples cidadão dessa época. Essa análise política é superior a tudo que se pode citar na literatura. E acrescenta (ponto de vista de que não partilham os amantes da ação rápida): E porque a análise social, diríamos sociológica mesmo, é feita ao mesmo tempo que a narrativa e pela narrativa mesma, não é fácil perceber tudo e reservar tempo para conhecer esse romance, um dos mais difíceis de ler. Um romance político De fato, trata-se de um romance político, o único verdadeiro do autor, que deixa suas opiniões em segundo plano e faz exprimir sucessivamente aquelas dos realistas fanáticos que conspiram contra Bonaparte (a família de Simeuse, Laurence de Cinq-Cygne), dos realistas moderados, prontos a entrar em acordo com o novo regime (a família d'Hautserre, o velho marquês de Chargeboeuf que aconselha Laurence a fazer concessões), os antigos jacobinos (Michu e sua esposa Marthe, filha de um procurador da Montanha que ordenara a execução dos Simeuse e cuja lembrança trará horror à filha). Encontra-se também Corentin, dândi policial de espírito tortuoso, pronto a mudar de lado quando Fouché conspira contra Napoleão na véspera da Batalha de Marengo, e pouco antes da sagração imperial do Primeiro Cônsul. Em realidade, se Balzac parece quase neutro e afastado de toda paixão realista, é porque ele espalha por todo o romance uma espécie de admiração difusa por Napoleão, um sentimento que impregna quase toda a Comédia Humana. Napoleão tem um destino, ele é forçosamente uma personagem balzaquiana. Finalmente, Fouché, que havia organizado um complô para assassinar Bonaparte (fazendo acusar os Simeuse e Michu, o fiel administrador do domínio deles), se vê obrigado a renunciar ao seu plano quando o futuro imperador, dado como perdedor, volta vencedor de Marengo.




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