Eu vou falar do livro The Posthumous Papers of the Pickwick Club (comumente conhecido como The Pickwick Papers) escrito pelo inglês Charles Dickens em 1836, apresenta nomes diversos tanto no Brasil quanto em Portugal, com variações como As Aventuras do Sr. Pickwik, Documentos de Pickwick, Papéis de Pickwick, e Documentos do Clube Pickwick. O título narra as aventuras do grupo de estudo do Clube Pickwick, composto pelo líder Sr. Pickwick e seus três pupilos: O Sr. Tupman, o Sr. Snodgrass e o Sr. Winkle, que têm como função, financiada pelo clube, viajar pela Inglaterra (com particular enfoque no interior do país) observando descobertas científicas e analisando as diversas variedades do comportamento humano. O título constitui um marco na carreira do escritor Charles Dickens, que embora tivesse anteriormente trabalhado sob o pseudônimo de Boz, conseguiu êxito literário e reconhecimento popular durante a publicação do livro, apresentado sob forma de folhetim (romance fatiado, distribuído em capítulos, que se tornou popular no séx XIX). Não obstante apresentação do escritor, o livro resume também grande parte dos elementos de sua posterior obra, sintetizando os caracteres da obra dickensiana. O livro apresenta uma extensa variedade de críticas à sociedade inglesa vitoriana, embora sempre permeie o teor crítico com uma refinada ironia e o humor dickensiano. Os elementos criticados buscam abarcar as várias classes sociais, utilizando personagens estereotipadas que atuam como representantes dessas classes e abrangem: A religião e os falsos pregadores, ou pregadores corrompidos. Os advogados e o atravancamento na execução da justiça, a distorção de leis e possíveis processos de corrupção. A magistratura corrente à época, que concede o poder a cidadãos voltados aos próprios interesses. Os políticos e sua conduta desonesta, bem como o eleitorado irresponsável de seu dever cívico. O jornalismo sem compromisso com a verdade, o respeito e a imparcialidade. A sociedade burguesa, sua hipocrisia e sua conduta interesseira A corrupção do sistema carcerário de devedores e a falta de assistência ao cidadão mantido em regime fechado (muitos presos pobres morriam de fome e frio nas prisões, enquanto sistema jurídico permitia brechas que auxiliavam outros devedores). O próprio sistema de justiça que desfavorecia o devedor trabalhador. O novo estado das relações entre patrão x empregado, motivado pelo advento da burguesia e da revolução industrial. Ademais, há inúmeros elementos de crítica social no livro, além de, evidentemente, uma crítica ao espírito cientificista da época. Os personagens principais, embora abertos aos procedimentos racionais da ciência, demonstravam grande inabilidade para situações que exigiam praticidade e que alicerçam a maior parte dos episódios cômicos do livro. Uma das personagens do livro, O gordo Joe, foi utilizado posteriormente para caracterizar uma patologia alcunhada como síndrome de Pickiwick (ou síndrome obesidade-hipoventilação), posto que a figura descreve fielmente um quadro da doença: obesidade e sonolência excessiva, acompanhadas de demais sintomas. Já a personagem do criado do Sr. Pickwick, Samuel Weller, foi um êxito instantâneo: sua inserção no quinto capítulo da narrativa alavancou as vendas de forma estrondosa: do quarto número foram tirados 400 exemplares; após o surgimento da figura, antes mesmo do vigésimo capítulo, já eram impressos 400.000. O livro é lançado por várias editora ms, como a editora Biblioteca Azul em 2012. As Aventuras Do Sr. Pickwick, primeiro romance de Charles Dickens, apresenta as peripécias das personagens de um certo Clube Pickwick, cujo objetivo é investigar a vida na capital inglesa - resultando numa sátira ao cientificismo do século XIX e à sociedade de seu tempo. Há, portanto, uma homogeneidade entre essas obras aparentemente tão díspares: estruturadas como uma seqüência de episódios burlescos ou melodramáticos quase independentes, esses três livros atualizam o gênero picaresco (que foi um dos precursores do romance burguês); ao mesmo tempo, lançam mão de narrativas estilhaçadas para anunciar a crise do próprio romance - não sendo por acaso que Stendhal seria uma das fontes da narrativa anti-naturalista do século XX, da mesma maneira que Manuel Antônio de Almeida anteciparia tanto os anti-heróis de Machado de Assis quanto Macunaíma, o herói sem nenhum caráter de Mário de Andrade. A edição que eu li é lançada pela Editora Abril em 1971.
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