Eu vou retornar aos tristes tempos da escravidão para falar de Casa Grande E Senzala de Gilberto Freyre. O livro, publicado em 1933, é excelente, principalmente para quem gosta de história e quer saber como era a escravidão no Brasil. É uma obra fantástica que consegue ser atual e atemporal. Casa-grande & Senzala, em 1933, quando teve sua primeira edição publicada, foi mais do que uma redescoberta da nação brasileira, representou uma espécie de fundação do Brasil no plano cultural, como observou Darcy Ribeiro. Valorizando o papel do negro na história brasileira, exaltando a miscigenação racial, desmistificando preconceitos e reconhecendo a originalidade de nossa cultura, Gilberto Freyre revolucionou a historiografia. Passados 80 anos, continua sendo um clássico da nossa literatura, mostrando, com beleza e vigor, a formação do povo brasileiro pela mistura de raças e culturas. A pintura que estampa a capa da nova edição, lançada pela Global Editora em 2023, é de autoria de Cícero Dias, pintor pernambucano reconhecido internacionalmente e que foi amigo de Gilberto Freyre. A obra pertence hoje ao acervo da Fundação Gilberto Freyre. É também de Cícero a famosa pintura do Engenho Noruega que vem encartada nas edições de Casa-grande & Senzala da Global Editora. Ancorado em pesquisa realizada em arquivos brasileiros e estrangeiros, Freyre construiu uma poderosa análise sobre os traços e desafios centrais da formação da sociedade brasileira. As virtudes e os vícios da colonização portuguesa no Brasil, a enorme contribuição das matrizes indígena e africana na formação da identidade nacional, tudo reconstituído a partir de uma perspectiva inovadora: lançando luzes sobre os aspectos cotidianos que estiveram presentes nas permanências e transformações de uma sociedade caracterizada pela miscigenação. Assim, a culinária, a alimentação, o vestuário, as práticas religiosas foram algumas das dimensões da vida social minuciosamente reconstituídas por Gilberto Freyre neste livro seminal que se tornou uma das mais complexas e influentes interpretações do Brasil até hoje concebidas. A edição que eu li é lançada pela Editora José Olímpio em 1981.
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