Eu vou falar do livro Ciranda de Pedra que é um livro de Lygia Fagundes Telles, publicado em 1954, que depois seria utilizado como base de duas telenovelas homônimas da Rede Globo, em 1981 e em 2008, lembrando que a mais recente versão não é um remake daquela exibida em 1981 e teve autoria de Alcides Nogueira, livremente inspirada no romance homônimo de Lygia Fagundes Telles, e escrita com Mário Teixeira e a colaboração de Lúcio Manfredi e Cristiane Dantas, tendo direção de Maria de Médicis, Natália Grimberg, André Luiz Câmara e Allan Fiterman, direção geral de Carlos Araújo e direção de núcleo de Denise Saraceni . Esta é a segunda adaptação do livro produzida pela emissora, que já havia realizado uma outra adaptação exibida na mesma faixa em 1981. A história acontece aproximadamente entre as décadas de 1940/1950, em São Paulo, e explora as características psicológicas dos personagens. Na obra, Virgínia, a protagonista, vive uma infância difícil com pais separados, sendo criada pela mãe, Laura, e seu médico neurologista, Daniel, que na verdade, descobre-se depois que é seu verdadeiro pai. Ela visita a mansão do ex-marido de sua mãe, Dr. Natércio, que todos acreditam ser seu pai, mas não consegue conviver bem com as irmãs Otávia e Bruna, que vivem com o Dr. Natércio e com os seus vizinhos: Letícia, Afonso e Conrado (pelo qual nutre uma paixão). Virgínia sempre compara Otávia, Bruna, Letícia, Afonso e Conrado com uma fonte existente no jardim da casa de Natércio, rodeada por uma ciranda de anões de pedra, pois esses, da mesma forma, nunca aceitam mais um na ciranda. Com a morte de Laura, Virgínia é internada num colégio de freiras, onde é um pouco "perseguida" pelas mesmas. Ao se formar, volta para a mansão do Dr. Natércio como uma nova pessoa, adulta e amadurecida. Virgínia então descobre as várias fraquezas humanas das pessoas que, na infância, ela considerava semi-deuses, e perante as quais um dia ela teve sentimento de inferioridade. Descobre, por exemplo, que Conrado, sua antiga paixão, que ela sempre imaginava como amante de sua irmã Otávia, era impotente. Descobre também várias fraquezas e defeitos de suas irmãs (adultérios, desvios de caráter), descobre a homossexualidade de Letícia etc. Vírginia se afasta de todos, decidindo fazer uma viagem, e deixa Conrado, após viver com ele uma tarde de amor platônico. A telenovela é baseada no romance homônimo escrito por Lygia Fagundes Telles em 1954, o qual já havia gerado a primeira versão da telenovela em 1981, também pela TV Globo, e escrita por Teixeira Filho. Durante a produção, o autorAlcides Nogueira fez algumas mudanças na trama em relação ao livro, recebendo carta branca da autora para que fizesse as alterações necessárias. A principal delas sendo a ambientação da trama, que se passava originalmente na década de 1940, enquanto na nova versão foi alterada para a década de 1950, especificamente o ano de 1958 – ano considerado por ele como marcado por grandes transformações. Outra alteração foi a adição de um núcleo de humor à história, mantendo um equilíbrio entre o romance e o drama. Em relação à telenovela de 1981, o único elemento aproveitado da primeira versão pelo autor foi o personagem Eduardo (Bruno Gagliasso), um recém-chegado engenheiro que se apaixona por Margarida (Cléo Pires) e, mais tarde, por Virgínia (Tammy Di Calafiori). Em matéria publicada na revista Veja São Paulo, Lygia disse que considera a adaptação de Alcides muito melhor que a versão de 1981. Lygia declarou: "O roteiro é muito delicado e cuidadoso". A autora trocou telefonemas com Alcides nos quais contou suas impressões sobre a trama. A nova adaptação de Ciranda de Pedra trouxe uma inovação, o recurso de ambientação virtual da novela. Esse recurso, usado em caráter experimental em O Profeta nas passagens de cena, dessa vez foi aprimorado. Para tal, a produção utilizou um enorme painel de 12 metros de altura por 28 metros de largura para a inserção de imagens em chroma key. Nele são sobrepostas cenas gravadas e produzidas em um cruzamento em São Paulo. Os prédios da trama, construídos na cidade cenográfica, no Rio, foram inspirados nos estilos art déco e modernista e tinham o pé-direito duplo. Todos esses recursos tinham o objetivo de imprimir às cenas a grandiosidade e a agitação que a cidade de São Paulo já exibia naquela época. O tema de abertura de uma novela da Globo coincidiu com um tema musical já usado pelo SBT: "Redescobrir", de Elis Regina, (Como se fora brincadeira de roda (memória)/Jogo do trabalho, na dança das mãos (macias)/No suor dos corpos, na canção da vida (história)/O suor da vida no calor de irmãos (magia)), lançada em 1980), já havia sido tema de abertura da novela Razão de Viver, exibida pela emissora em 1996. Temas como eutanásia, homossexualidade, suicídio e impotência, abordados no romance original, não aparecem nessa adaptação por uma opção de Nogueira, que não pretendia criar polêmicas e por causa da classificação etária dos programas, chamada pelo autor de "censura disfarçada", que não permitiria que a novela fosse exibida às 18 horas. A homossexualidade da personagem Letícia, entretanto, foi aprovada pela emissora apenas para ir ao ar na última cena da personagem no último capítulo, quando ela inicia um relacionamento com sua treinadora de tênis Joyce (Ana Furtado).
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