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Foto do escritorClaudio Correa Monteiro

Dona flor e seus dois maridos

Eu vou falar do livro Dona Flor e Seus Dois Maridos que é um dos romances mais conhecidos do escritor brasileiro Jorge Amado, membro da Academia Brasileira de Letras, que o lançou em junho de 1966 e fora levado com êxito ao cinema, ao teatro e à televisão. Alternando palavras e descrições extremamente realistas da vida boêmia da Salvador dos anos 40, com passagens mais amenas sobre comida e remédios, o livro é um extenso e nostálgico painel do cotidiano e do passado da vida baiana. O romance se inicia com a morte de Vadinho, um boêmio, jogador e alcoólatra que morre subitamente em pleno carnaval de rua, vestido de baiana. Deixa viúva Dona Flor, a quem explorava e que, apesar da vida desregrada do marido, era apaixonada por ele. Na primeira parte do livro são contados os excessos de Vadinho e de todos os companheiros boêmios que o cercavam. Em contraste com esse ambiente decadente e de maus costumes contado em detalhes pelo autor, na segunda parte do livro é a vida pacata de Dona Flor que passa a ser retratada. É descrito como ela ganha a vida ensinando culinária na escola de sua propriedade "Sabor & Arte". Intercalando as aulas de culinária, há os suspiros da viúva pelo marido morto, que se lembra, cada vez mais constantemente, das qualidades de ótimo amante de Vadinho e dos poucos momentos de luxo que lhe propiciara, quando ganhava no jogo. Ao mesmo tempo, ela é cortejada por um pretendente, Teodoro, um farmacêutico pacato e religioso. Os dois acabam se casando. Mas, de idade um pouco avançada e bastante conservador, ele não consegue satisfazer Dona Flor, que cada vez mais se lembra de Vadinho. Na terceira parte, os acontecimentos se atropelam e assumem um estilo do realismo fantástico, quando o espírito de Vadinho (que era filho de Exu) retorna e passa a atormentar Dona Flor. Somente ela vê Vadinho que, quando está com Dona Flor, parece ser capaz de realizar as mesmas coisas que fazia na cama quando estava vivo. Dona Flor hesita entre se manter fiel ao novo marido ou ceder ao espírito do primeiro. Capítulos: I – Da morte de Vadinho, primeiro marido de Dona Flor, do velório e do enterro de seu corpo (ao cavaquinho o sublime Carlos Mascarenhas). Intervalo – Breve notícia (aparentemente desnecessária) da polêmica travada em torno da autoria de anônimo poema a circular, de botequim em botequim, no qual o poeta chorava a morte de Vadinho – revelando-se aqui e por fim a verdadeira identidade do ignoto bardo, à base de provas concretas (o inumerável robato filho a declamar). II – Do tempo inicial da viuvez, tempo de nojo, do luto fechado, com as memórias de ambições e enganos, de namoro e casamento, da vida matrimonial de Vadinho e Dona Flor, com fichas e dados e a dura espera agora sem esperança (com Edgard Cocô ao violino, Caymmi ao violão e o doutor Wlater da Silveira com sua flauta encantada). III – Do tempo do luto aliviado, da intimidade da viúva em seu recato e em sua vigília de mulher moça e carente; e de como chegou honrada e mansa, ao segundo matrimónio quando o carrego do defunto já lhe pesava sobre os ombros (com Dona Dinorá na bola de cristal). IV – Da vida de Dona Flor, em ordem e em paz, sem sobressaltos nem desgostos, com seu segundo e bom marido, no mundo da farmacologia e da música de amadores, brilhando nos salões, e o coro dos vizinhos a lhe recordar sua felicidade (com Doutor Teodoro Madureira num solo de fagote). V- Da terrível batalha entre o espírito e a matéria, com acontecimentos singulares e pasmosas circunstâncias, possíveis de ocorrer somente na cidade da Bahia, e acredite na narrativa quem quiser (com um coro de atabaques e agogôs e com Exu a tirar uma cantiga de sotaque: Já fechei a porta, Já mandei abrir). A edição que eu li é lançada pela editora Record em 1995 na coleção Mestres da Literatura brasileira. Virou dois filmes: Dona Flor e Seus Dois Maridos é um filme brasileiro de 1976, do gênero comédia, dirigido por Bruno Barreto. Baseado no livro homônimo de Jorge Amado, foi adaptado por Bruno Barreto, Eduardo Coutinho e Leopoldo Serran. A direção de fotografia é de Murilo Salles. O filme é estrelado pela até então novata, a atriz Sônia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça. Foi por 34 anos recordista de público entre o cinema brasileiro levando mais 10 milhões de espectadores aos cinemas, até ser ultrapassado em 2010 por Tropa de Elite 2. Foi refilmado nos Estados Unidos como Meu Adorável Fantasma, em 1982, e foi refilmado no Brasil em 2017. Foi adaptado também em forma de minissérie para a TV Globo, em 1998. Em novembro de 2015 o filme entrou na lista feita pela da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos. No início da década de 1940, Dona Flor, sedutora professora de culinária em Salvador, é casada com o malandro Vadinho, que só quer saber de farras e jogatina nas boates da cidade. A vida de abusos e noites em claro acaba por acarretar sua morte precoce num domingo de Carnaval de 1943, deixando Dona Flor viúva. Logo ela se casa de novo, com o recatado e pacífico farmacêutico da cidade. Com saudades do antigo marido que apesar dos defeitos era um ótimo amante, acaba causando o retorno dele em espírito, que só ela vê. Isso deixa a mulher em dúvida sobre o que fazer com os dois maridos que passam a dividir o seu leito. Principais prêmios e indicações: Festival de Gramado: Ganhou dois Kikitos, nas categorias de melhor diretor e melhor trilha sonora. Globo de Ouro (EUA): Recebeu uma indicação, na categoria de melhor filme estrangeiro., BAFTA (Reino Unido): indicado na categoria melhor revelação (Sônia Braga). O outro filme é Dona Flor e Seus Dois Maridos é um filme brasileiro de 2017, do gênero comédia e romance, dirigido por Pedro Vasconcelos e estrelado por Juliana Paes, Marcelo Faria e Leandro Hassum. Baseado no livro homônimo de Jorge Amado e remake do filme de 1976. O filme foi gravado em 2016 e entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 2 de novembro de 2017, além da paródia: Seu Florindo e Suas Duas Mulheres é um filme brasileiro de comédia pornochanchada de 1978, protagonizado e dirigido por Mozael Silveira. O roteiro de Vitor Lustosa parodia "Dona Flor e Seus Dois Maridos", invertendo-se o gênero dos personagens principais. Nessa versão, o fantasma é uma mulher, interpretada por Wilza Carla. Filmado em Ribeirão Preto, na sequência final aparecem imagens de um jogo de futebol entre Botafogo e Comercial, o mais tradicional da cidade. A foliã Vadia morre durante um desfile de Escola de Samba. O marido dela, o professor de culinária bem-sucedido Florindo, fica bastante abalado e sofre com a viuvez, apesar de Vadia ter sido durante o casamento infiel, jogadora e alcoólica (mostrado em flashback). Ele passa a ser assediado pelas suas alunas e acaba se casando com uma delas, Dora. Mas, um ano depois de casado, o fantasma de Vadia retorna e quer continuar o relacionamento amoroso que tivera em vida com ele e da minissérie Dona Flor e Seus Dois Maridos que é uma minissérie brasileira produzida pela TV Globo e exibida de 31 de março a 1 de maio de 1998, em 20 capítulos. Escrita por Dias Gomes, adaptação do romance homônimo de Jorge Amado e escrita com colaboração de Ferreira Gullar e Marcílio Moraes, teve direção de Rogério Gomes e Carlos Araújo. A direção geral foi de Mauro Mendonça Filho e a direção de núcleo de Guel Arraes. Contou com as atuações de Giulia Gam, Edson Celulari, Marco Nanini, Tássia Camargo, Otávio Augusto, Lúcio Mauro, Chico Díaz e Walderez de Barros. Os personagens interpretados por Giulia Gam (Dona Flor), Edson Celulari (Vadinho) e Marco Nanini (Teodoro) foram imortalizados respectivamente por Sônia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça no filme homônimo, produzido em 1976. Florípedes Paiva, a Dona Flor, bela professora de culinária da escola Sabor & Arte (que se transforma no trocadilho saborear-te), perde o marido Valdomiro Guimarães, o Vadinho, malandro boêmio, mulherengo e viciado em jogo, em pleno domingo de carnaval em Salvador. De luto fechado, chorosa, ela recorda os altos e baixos desse relacionamento; mas, como ainda é jovem e bonita, desperta a atenção do tímido e corretíssimo farmacêutico Dr. Teodoro Madureira, com quem se casa. As diferenças entre os maridos são gritantes: se com Vadinho tudo era uma louca "vadiação", com Teodoro o sexo é regular e bem comportado; se com Vadinho o que sentia era emoção e insegurança, com Teodoro a solidez traz uma ponta melancólica de tédio. Até que o fantasma de Vadinho volta do além para se intrometer na relação de Flor e Teodoro. Paralelamente, outras histórias são contadas, entre eles a disputa entre o bicheiro Neca do Abaeté e o agiota Calabrês pelos pontos de jogo do bicho na região. Seduzida por Vadinho, Celeste, a filha de Calabrês, apaixona-se por Juliana, filha de Neca, paixão proibida que acirra ainda mais a guerra entre os dois. Já Propalato, irmão de Calabrês, administra uma boate no qual a aspirante a cantora Marilda, amiga de Dona Flor, inicia sua carreira.

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